A fuga do pensamento, a distração, negar-me e ignorar minhas reclamações diárias, não, não existem, já foram. A força da palavra. Como é aquilo que dizem, mesmo? Ah, sim, pensamento positivo, né? Ok, ok, então vamos. A força da palavra. Não me sinto só. Não estou em depressão. A força da palavra. A fé que ainda não se incrustou em mim - ainda espero, até que sou paciente pra esse tipo de coisa. Estou esperando, também, pra ver se aprendo a escrever.
A fuga, o sarau. Novamente a pianista, só que esta era brasileira. Mas de onde eu estava, nada via. O que ficava pra mim era o reflexo das mãos dela na madeira envernizada do piano de meia cauda. Dois borrões apressados, querendo desesperadamente dizer-me algo, mas não consegui ouvir. Esforcei-me, mas foi difícil sentir qualquer coisa. Triste pena, esta a que me submeto, cego: sentir. No entanto, foi fácil notar o vazio entre uma palma e outra, quando os espectadores, eufóricos, acompanhavam a banda com suas mãos. O percussionista marcava justamente estes vazios, importando-se com a parte menosprezada da música. (seria eu um contra-tempo de mim mesmo?)
Enquanto outro homem interpretava o tecelão em seu contra-baixo, dedos ágeis, pensamento longe, o violinista encantava, com seu sorriso, as senhoras de meia-idade que à minha volta se encontravam. A não-palavra também tinha uma força imensa neste momento.
A fuga, o sarau. Novamente a pianista, só que esta era brasileira. Mas de onde eu estava, nada via. O que ficava pra mim era o reflexo das mãos dela na madeira envernizada do piano de meia cauda. Dois borrões apressados, querendo desesperadamente dizer-me algo, mas não consegui ouvir. Esforcei-me, mas foi difícil sentir qualquer coisa. Triste pena, esta a que me submeto, cego: sentir. No entanto, foi fácil notar o vazio entre uma palma e outra, quando os espectadores, eufóricos, acompanhavam a banda com suas mãos. O percussionista marcava justamente estes vazios, importando-se com a parte menosprezada da música. (seria eu um contra-tempo de mim mesmo?)
Enquanto outro homem interpretava o tecelão em seu contra-baixo, dedos ágeis, pensamento longe, o violinista encantava, com seu sorriso, as senhoras de meia-idade que à minha volta se encontravam. A não-palavra também tinha uma força imensa neste momento.