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paredes monocromadas. fora do corpo eu observo e tento absorver, num esforço subterrâneo, essa grande massa de plasma que vai se formando à volta. o sangue foi quase todo drenado; ainda há nódulos. o cheiro da fumaça já se tornou familiar. cheiro poroso de ansiedade e desperdício. não me nego a respirar.
não. não! mentira, mentira, é tudo mentira.
deixa fluir. deixa fluir neste exato momento. lembra que o sangue não para. que os órgãos, escravos libertos felizes, não param. cheios de lixo tóxico, resíduos, partículas, névoa e rancor, continuam pulsando, gerando e rangendo. independem dessa tua lágrima mal chorada, desse um quarto de olho que ainda aparece. abre, então, o resto. abre o resto e escreve.