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Ah, o ócio. Bela atividade do nada. Não ser, não estar, não fazer... Fico grato por poder existir, apenas para desfrutar destes momentos de não-existência. Escrever muito sem dizer coisa alguma. Falar - outra atitude dispensável. Não tenho palavras que lhe sirvam, caro leitor. Nem a mim me sirvo direito; apenas continuo tropeçando por aí. Falta de imaginação, falta de inspiração, falta de companhia. Falta, bela, cruel e simplesmente.
Preciso ficar bem acordado por mais alguns minutos, por mais tarde que seja. Culpa da ansiedade e do pânico - só consigo pegar no sono se estiver morto de cansaço. Estou farto de tudo isso. Assim como minha alma é velha, eu também gostaria ter as doenças do século retrasado, e não as do meu. Nem sei por que estou falando sobre isso, de qualquer modo. Deixa estar.
Arrumar as malas novamente e preparar-me. Para um novo tom de cinza.

2 comentários:

lidia. disse...

Certa vez ouvi:
"O bom texto é aquele que quando você lê, tem a impressão de estar sendo lido por ele."

este ócio me leu, obrigada.

Carolina disse...

Você tá escrevendo maravilhsamente bem, minha querida. Sabe que eu sempre me sinto compartilhando desses seus silêncios, mesmo a distância. Há uma convergência entre eu, você e nossos silêncios. Eles se entendem e se respeitam, silenciosamente.

Também senti um tom machadiano no texto. Gostei e me provocou admiração!

Talvez devêssemos viver mais próximas uma da outra.

Grande beijo e abraço de boa noite!
Tenha bons sonhos, minha querida.
Descanse.