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E os olhos, esses olhos que não querem fechar. Em mim tudo tem vontade própria. Menos eu mesmo. Os ossos da face, cansados, dizem-me que já não sou mais tão novo assim. Olheiras escuras que não mentem. Deixa estar, não há nada a esconder. O único que não enfraquece é o coração, maldito. Pelo contrário - fica cada vez mais resistente. Assim como o cérebro, que acompanhando o caminho inverso, cada vez raciocina menos. Apaixono-me mais uma vez, como se eu tivesse começado a existir hoje de manhã. E não consigo voltar atrás... Afinal, essa coisa de burrice tem que fazer algum sentido, pelo menos.
A conclusão? O sentido pra tudo isso que escrevo? Estou procurando nos bolsos, nas gavetas, no paletó, no maço. Não está em lugar nenhum. Juro que os tinha visto ontem mesmo, bonitinhos. Mas me escaparam, de novo. Danados.

2 comentários:

Alisson da Hora disse...

O coração é cheio de fortalezas...E o sentido de escrever (ou de continuar escrevendo) sempre some quando achamos que ele está bem próximo a nós...

Deveras, talvez por isso continuemos a escrever.

beijo!

Camila S. disse...

Os duendes levaram. Danadinhos esses leprechauns. Tiraram até o sentido desse comentário.