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você tira fotos minhas
e arranca-mas do peito
sem dó nem piedade
nem si bemol em sétima.

com suave música ao fundo, ouço-te dizendo-me: eu te amo. sua voz tão delicada parece soar em itálico: eu te amo. deliciado, navego pelos teus enigmas eriçados, tua poesia sem fundamento. acordo no meio da noite, surpreso, aturdido pelo barulho um tanto incômodo de meu coração batendo. assusto-me, escrevo e volto a dormir. 
eu demoro a pegar no sono como alguém que tem a vã esperança de que isso prolongue o dia. sem glórias que tenha sido, ainda é um dia. e um dia é algo que a gente perde pra sempre.

5 comentários:

Alisson da Hora disse...

Ainda é um dia...

puxa... Isso tocou tão fundo...

lindo, só posso dizer isso.

Camila S. disse...

Ainda é um dia... e assim mais outros dias... vemos o que pensamos ser nosso escorregando por entre os dedos.

Estevão Daminelli disse...

isso é lindo

Letícia Losekann Coelho disse...

Gostei demais da maneira que tu escreve!
"eu demoro a pegar no sono como alguém que tem a vã esperança de que isso prolongue o dia. sem glórias que tenha sido, ainda é um dia. e um dia é algo que a gente perde pra sempre."

Adorei essa parte!
Beijos

Christina Alvarenga disse...

Mãe pode elogiar?
Lindooo!