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silêncio. apenas o chiado do vinil que chegou ao fim. é o que basta aos meus ouvidos cansados. aqui dentro há um barulho incontrolável, se você pudesse ouvir, ah, meu caro. se pudesse ouvir... saberia porque eu sinto-me enlouquecer, e como isso se fortalece em diferentes momentos do dia. as horas. mas, confesso, não sou de todo lamento. muita coisa se melhorou, muita coisa virou luz - hoje posso sorrir enfim. até comprei um diário de viagem. quem diria? sim, ainda faço planos, e ainda tenho esperança de que um dia conseguirei cumpri-los. por enquanto escrevo, é o que está ao meu alcance. é o que sempre estará. pode confiar - você sempre me lerá. e não encontrará muita coisa que já não estava em você mesmo. pois quem sou eu senão você?

4 comentários:

Camila S. disse...

Está calma minha inquietação. Como ficaria meu vazio sem encontrar seus ecos?

Alisson da Hora disse...

o eterno retorno de espelhos, sonhos e equívocos.

Ciro Cruz disse...

Você é o estranho que me olha do espelho, alguém como eu, mas não exatamente igual. E quando levanta sua mão enquanto eu percebo que a minha ainda está abaixada me faz sentir duas coisas, uma de cada vez ou todas ao mesmo tempo: Compreensão e medo.

Anônimo disse...

Muito bom esse. Teve aquele efeito que os seus textos bons costumam provocar em mim: eu termino de ler e penso "puta que pariu, ela destroi!".
(Eu poderia ter colocado um comentário identico a este na maior parte dos seus textos).
Eu pensei em escrever outras coisas quanto a umas características do seu estilo de escrita, e uns padrões que eu acredito que estejam presentes em boa parte dos seus textos, mas ia dar muito trabalho. Outro dia se quiser a gente fala disso.