122-69

Era domingo. Era domingo pra sempre.
Ela deixava o suor se acumular entre os seios,
- seduzindo a si mesma -
Sangrava pelas cutículas, numa tentativa de se alongar pelo quarto:
nos outros, era inteira.
Deixou-se morrer no colchão, agora limpo, e pôs-se a ler a primeira página.
Queria imitar o livro; irracional, abria-se. Arrancava suas folhas.
Fazia, do papel, roupa. Lia o seu sexo em braile.
Ria. Ria muito. Mastigava as letras. (louca.)
E voltava a um sono profundo.


3 comentários:

Jorge Leandro Carneiro disse...

Belíssimas imagens!

Unknown disse...

começou a ler a hilda?

Paulo Costa disse...

ótimo texto. Quando você vai escrever um romance?