Percebendo minhas cicatrizes, vejo que pouca coisa está mudada. Nada se aprofunda assim como também nada se cura. Eu, que já me considerava um verdadeiro... Um verdadeiro o quê, mesmo? Deixa estar. Minha máquina de bombear sangue está cansada, tão cansada que poderia parar a qualquer momento, não tem retorno, não tem pagamento. Trabalha de graça e quer greve, uma greve faminta, violenta e estarrecedora. Enquanto observo a pornografia do cotidiano, vou fazendo o que posso para impedir uma rebelião. E assim os dias se emendam e cada retalho torna-se um pouco mais digno e um pouco mais insuportável. Por hora é isso, meu amigo. Despedidas me doem, então fique aqui. Não fuja do meu cérebro mais uma vez, fique aqui bem perto, que nunca me foi tão pungente a solidão de si mesmo.
5 comentários:
E mesmo querendo (e as vezes ameaçando entrar em) greve, essa "máquina de bombear sangue" nunca cumpre as ameaças, bombeando sem parar, sangue e sentimentos que fogem do nosso controle e pintam nosso cotidiano desbotado com cores que apesar de vibrantes, nem sempre são felizes...
Eu gosto muito do jeito que você escreve :)
Adoro suas escritas, como adoro vc!!!
A responsabilidade da solidão é implacável...
:***
Aline destrói, de tão bem que escreve. Pena que a frequência de seus textos cai exponencialmente...
Postar um comentário