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É quase um esporte. Um vício bom demais para se largar. Não, ao contrário do que você possa estar imaginando, não sinto nada no momento. Estou completamente intoxicado pelas promessas que se acotovelam, gigantes, entre estas paredes. O ar é curto; elas chegam a se beijar sem terem vontade, não param de inchar. Estou suado, ofegante, a língua úmida divide os lábios pra sair. Não há nem espaço pra um cigarro, elas se esfregam em mim, sugando as gotas que caem, uma a uma, da minha nuca. Aperto os olhos com os dedos, empurrando-os bem pra dentro: elas estão para morrer.

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