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do lado de dentro.
(escrevi isso em dezembro de 2010 - tivesse sido ontem, não haveria a mínima diferença.)


Enquanto redescubro o espaço do meu quarto, cuido dele. Cuido dele como se fosse uma extensão de mim, posto que não consigo cuidar diretamente de mim mesma. (Está certo falar mim mesma?)

Sinto-me parcialmente curada a cada atitude que tomo em relação aos meus livros. Toda pilha nova que se forma me é uma bênção. Todo quadro que se pendura. Ou o pôster grudado diretamente à parede, por negligência. Dentro do quarto e dentro de mim. Duas circunferências com o mesmo centro. Parece que algo sempre muda pra melhor. Dentro de mim também estou reaproveitando os espaços e dando vida a muita coisa que estava parada por muito tempo.

Revelar fotos e montar álbuns é algo que também me traz muita serenidade. Pegar no papel, brilhante e fosco, reconhecer os rostos impressos, lembrar do momento em que as fotos foram tiradas. Guardar o álbum no armário. É de uma simplicidade que me deixa estarrecida. É tão fácil sentir-se bem que às vezes machuca. Mudar a posição dos móveis. Sentir o quarto respirar diferente. Rasgar mais uma folha do calendário. Não, não há melancolia aqui pois a passagem do tempo é muito bem vinda e as mudanças anseiam por vir.

E a coleção de marcadores de livros vai aumentando.

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